O Rito Escocês Antigo e Aceite é um dos ritos maçónicos mais
praticados no mundo e encontra-se estruturado em 33 graus, os três primeiros que
correspondem à Maçonaria Azul ou Simbólica, constituída pelos graus de Aprendiz,
Companheiro e Mestre e os outros trinta graus que integram os chamados Graus
Filosóficos. Os três primeiros graus encontram-se sob jurisdição de Grandes
Lojas ou Grandes Orientes; os restantes do Supremo Conselho dos Soberanos
Grandes Inspectores Gerais do 33º e Ultimo Grau do Rito Escocês.
É o que acontece em Portugal no quadro da Maçonaria Regular
com o Grão–Mestre da Grande Loja Legal de Portugal (GLRP) tutelando as Lojas
onde são praticados os três primeiros graus da Maçonaria Simbólica e o Supremo
Conselho para Portugal do homónimo conselho governando as Lojas de Perfeição,
Capítulos Rosa-Cruz, Conselhos Kadosh, Consistório de Princípes do Real Segredo
e Supremo Conselho. Esta autonomia de jurisdições não significa desligamento
porquanto grande parte dos princípios que vigoram nos Altos Graus do Rito
Escocês coexistem nos graus da Maçonaria Azul e apenas os Maçons que são membros
de Lojas Azuis podem aceder aos Altos Graus da Maçonaria Vermelha. É
presentemente (2012) o Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho o I:.
Agostinho Fernandes Garcia 33º.
O Rito na sua formulação actual tem origem em França, no
século XVIII, e a designação de “escocês” pouco tem a ver com a sua génese
histórica, já que terá surgido entre a comunidade exilada inglesa, na sequência
da guerra civil britânica entre católicos e protestantes. Dali o Rito é levado
para as Américas, para São Domingues, por três franceses- Etienne Morin,
Grasse-Tilly e Delahogue – que se refugiarão depois em Charleston. Em Charleston
o Rito alcança o 33º grau, com Grasse-Tilly e John Mitchel fundando em 31 de
Maio de 1801 o primeiro Supremo Conselho do Rito Escocês (o Supremo Conselho da
Jurisdição Sul dos Estados Unidos) e recebendo patente para criar outros
Supremos Conselhos pelo mundo. Supremos Conselhos congéneres foram criados em
França (1811), Espanha (1813), Brasil (1830), Portugal (1845), Inglaterra e Pais
de Gales (1864), Escócia (1856), etc.
O REAA é uma escola de ética e valores morais construída de
nove princípios: venerar a Deus e cultivar a espiritualidade; investigar a
verdade, defender a liberdade; amar o próximo, manter entre si a fraternidade,
obedecer `as leis do país; praticar a justiça; combater a ignorância; trabalhar
pela felicidade da humanidade. O Rito estabelece como princípio cardinal a
Liberdade que Deus, o Grande Arquitecto do Universo, deu ao homem como o mais
precioso dos bens e património de toda a Humanidade e que a ninguém é lícito
diminuir ou apagar já que é a fonte do sentimento de honra e dignidade.
Existe ao longo do Rito Escocês uma continuidade ritualística
e doutrinária na sequência dos graus que leva o prosélito a desenvolver uma
reflexão interior sobre os mistérios da vida e da morte, sobre o diálogo entre o
divino e o profano na procura do aperfeiçoamento humano ditada pelo exemplo
maior do sacrifício do Mestre quando se recusou a revelar a palavra de passe aos
que o assassinaram. É a continuidade deste mito fundador da Mestria que o
neófito encontra a partir do Grau de Mestre Secreto em novas alegorias que
encontram inspiração no Antigo Testamento, na Cabala Hebraica e no Ciclo
Arturiano.
O objectivo final é dual: a construção do Templo interrompido
com a morte do Mestre Arquitecto; a procura da Palavra Perdida e do Cálice onde
José de Aritmeia recolheu o sangue de Jesus. A viagem é tanto histórica e
mítica, como profundamente intimista, fundada não tanto na recitação do ritual
mas na reflexão partilhada dos enigmas do Criador, do Homem, do Mundo e das
verdades incorporadas nas nossas vivências. O Maçom torna-se Mestre antigo,
depois Cavaleiro, fazendo o trajecto dos que guardavam o caminhos dos peregrinos
para a Terra Santa, levando uma vida frugal, reflexiva baseada em princípios
simples; daí a divisa do Rito: Ordo ab chao.
O Rito Escocês é profundamente deista no sentido que não
impõe aos prosélitos a escolha de uma religião revelada, apenas a aceitação das
verdades comuns a todas elas e ainda da espiritualidade dos que não se sentem
tocados por uma delas, em particular. Implica e exalta a centelha divina que
foi transmitida à raça humana no acto fundador da Criação, a ideia transcendente
que nos faz Irmãos e ao mesmo tempo filhos de Deus. É natural que integre, na
sua rica imagística, elementos dos Mistérios Cristãos (Grau de Cavaleiro Rosa
Cruz), mas fá-lo com uma abrangência que um muçulmano, judeu, hindu ou ba’ hai
não se sentirá dessacralizado.
É por isso o mais universal e cosmopolita dos ritos
maçónicos. Rege-se pelas Grandes Constituições de 1786 e pelos Regulamentos
Gerais de 1762 e pelos Estatutos aprovados pelo Supremo Conselho para Portugal,
que faz parte com outros Supremos Conselhos de uma união mantida por
Conferências Internacionais desde 1907. De acordo com o artigo 74º dos
Estatutos do Supremo Conselho pode ser proposto para ingressar no 4º Grau o
Mestre Maçom regular que estiver na posse de todos os seus direitos, residir na
zona de jurisdição do Corpo Subordinado, preencher o formulário competente e
obter voto favorável da Comissão de Graus.
O Supremo Conselho para Portugal é um dos 55 Supremos
Conselhos regulares do mundo ao lado dos 18 Supremos Conselhos europeus. A
potência mater dos Supremos Conselhos é o Supremo Conselho dos Estados Unidos
(Jurisdição Sul) neste momento dirigido pelo I:. Ronald A. Seale, 33º
O Supremo Conselho tem uma página na Internet em
http://www.supremoconselho.org/
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