Como
parte de um intenso programa de modernização da Ordem e de rejuvenescimento de
seus quadros, encontra-se em curso um projeto de instalação de Lojas Acadêmicas
e de Lojas Universitárias em todo o país independentemente de Obediência Maçônica.
Identificado
como uma antiga aspiração de maçons brasileiros, esse movimento foi iniciado
na segunda metade da década passada, ganhou força e vigor a partir do ano de
2000 e num emaranhado de crenças e preconceitos, as Lojas Universitárias,
conquistaram legitimidade no meio maçônico brasileiro.
Mas,
afinal, quem esta com a razão? Elas são uma invenção do Grande Oriente do
Brasil? Oficina desse tipo é uma mera extensão da Ação Paramaçônica
Juvenil (APJ) e da Ordem Demolay?
UM POUCO DE HISTÓRIA:
QUEM
INVENTOU AS LOJAS UNIVERSITÁRIAS?
Ao
contrário do que imagina o senso comum, as Lojas Universitárias não são
novas e nem uma invenção do Grande Oriente do Brasil, a maior Obediência Maçônica
do Mundo Latino.
Elas
há muito existem em outros países como Inglaterra, Irlanda, nos Estados Unidos,
no Canadá e na Austrália.
A
primeira Loja Universitária devidamente constituída foi a University Lodge nº.
74, de Londres, no dia 14 de dezembro de 1730, por iniciativa dos maçons da
Loja “Urso do Arado” nº. 63 que se reunia na taberna de mesmo nome. Dessa
Loja Universitária, participou, além de estudantes da Universidade de Oxford e
Cambrige, um dos baluartes da Moderna Maçonaria, ou, ninguém menos que Jean Théophile
Désaguliers (*1683 +1744) considerado o Pai da Maçonaria Especulativa Moderna.
A
“Westminster and Keystone Lodge”, segunda do gênero, fundada em 1722, se
tornou universitária em 1855. Em 1873, assim como a University Lodge n.74, ela
passou a reunir os estudantes de Cambridge e Oxford.
Outro
exemplo de Maçom ilustre que pertenceu a uma Loja ligada à área acadêmica,
agora nas artes literárias, foi o de Oscar Wilde (*1854 +1900), um dos maiores
escritores do século XIX, que ingressou Loja Universitária Apollo a 23 de
fevereiro de 1875 e sendo ele menor de idade, iniciaram-no com licença especial.
Assim
como as Lojas Universitárias de Oxford e Cambridge, a Apollo e a Isaac Newton,
apresentavam licença, automaticamente renovada a cada ano, para iniciar
candidatos abaixo de 21 anos.
Segundo
o Irmão William Carvalho, historiador maçônico, “a Loja Universitária
Apollo era então, como é ainda hoje, uma loja prestigiosa na maçonaria
inglesa. A loja original Alfred na Universidade de Oxford #455, fundada em 1769,
abateu colunas em 1783. Acordou em maio de 1818 e em dezembro constitui-se como
Loja Apollo #711. Um ano depois a palavra Universitária agregou-se ao seu título.
A Loja Universitária Apollo, agora com o número 357, continuou a praticar seu
ritual numa maneira tradicional e dentro de seu estilo histórico.
Os
ocupantes de cargos usam calças mais curtas à altura do joelho, fraques,
gravata-borboleta branca, meias de seda e sapatos rasos e leves, como o fazem há
mais de dois séculos. Um traje, como se vê, que deve ter causado uma forte
impressão em Wilde pelo seu senso estético e refinamento. Tanto assim que
usava o traje em solenidades públicas profanas. Em 9 de janeiro de 1882, uma
semana depois de sua chegada aos EEUU, para sua série de palestras e conferências,
Wilde, já no palco, pela primeira vez, no famoso Chickering Hall na 5ª
Avenida com a Rua 18, usava o seu traje maçônico da Loja Apollo.
Todos,
absolutamente todos, aguardavam ansiosos o discurso inteligente do dândi inglês,
já que a capacidade do teatro de 1247 lugares, completamente lotado, rivalizava
com os lugares em pé, inteiramente apinhados. O coronel W. F. Morse, o empresário
do tour de conferências, introduziu Wilde que caminhou lentamente em
direção ao pódio usando o traje conspícuo de sua Loja Universitária: calças
pelo joelho, meias de seda e sapatos baixos e rasos com fivelas brilhantes.
A
audiência, atônita, não sabia como reagir. Alguns dos presentes pensavam que
esse traje era uma vestimenta da corte inglesa e ninguém sabia que a última
vez que Wilde usara esse traje fora na reunião da Loja Apollo em Oxford.”
Nos
Estados Unidos existem entre outras, as Lojas “Havard” e “Boston
University”.
Ainda
nos Estados Unidos, as lojas ligadas a universidades, muitas funcionam no próprio
campus e outras são independentes. Existem aquelas que só admitem alunos ou
ex-alunos de uma determinada universidade e outras que são abertas, admitindo
estudantes e não estudantes, muitas vezes professores.
Outra
característica é que algumas dessas Oficinas têm apenas seis sessões ordinárias
ao longo do ano. Algumas preferem iniciar os estudantes nos primeiros anos do
curso para que sejam mestres quando se formarem. Algumas dessas Lojas têm mais
de 200 membros.
NO
BRASIL:
A
denominação de Loja Universitária já existia no Brasil desde 1975, com o
surgimento da Loja Universitária nº. 1928, de Bragança Paulista (SP), fundada
a 20 de agosto daquele ano, federada ao Grande Oriente do Brasil.
Depois
surgiu a Fraternidade Acadêmica Piratininga nº. 2862, na cidade de São Paulo,
fundada a 20 de abril de 1995, também federada ao GOB.
Idealizada
pelo então, Grande Secretário Geral de Relações Maçônicas Exteriores
Adjunto ao GOB, o Eminente Irmão Rubens Barbosa de Mattos (*1937 +2003), Grão-Mestre
Honorário do Grande Oriente de São Paulo, que exerceu o cargo de Grão-Mestre
Estadual no período de 21/06/1991 a 20/06/1995, esta Loja é considerada, no
meio maçônico, a primeira Loja genuinamente Universitária.
A
Fraternidade Acadêmica Piratininga é patrocinada pela histórica Loja
Piratininga “A Fidelíssima” nº. 0140, fundada a 28 de agosto de 1850.
A
iniciativa para se fundar esse tipo de Loja, primeiramente, foi do Grande
Oriente do Brasil que contava, em 2004, com 53 Lojas ligadas à área acadêmica,
segundo as fontes da Guarda dos Selos do GOB à época:
35
Fraternidades Acadêmicas e 18 Lojas Universitárias.
Das
Lojas do tipo Fraternidades Acadêmicas: vinte e três trabalhavam no Rito Escocês
Antigo e Aceito, sete no Rito Francês ou Moderno, três no RitoAdonhiramita e
duas no Rito Brasileiro.
Das Lojas do tipo Universitárias: oito trabalhavam no Rito Francês ou Moderno,
seis no Rito Adonhiramita, três no Rito Escocês Antigo e Aceito e uma no Rito
Brasileiro.
Então, em 2004, tínhamos, no
GOB, vinte e seis Lojas Escocesas, quinze Modernistas, nove Adonhiramitas e três
Brasileiras ligadas à área acadêmica.
QUADRO
ATUAL (2007):
Atualmente,
segundo os dados da Grande-Secretaria Geral da Guarda dos Selos do Grande
Oriente do Brasil, existem 73 Lojas Maçônicas Acadêmicas e Universitárias
federadas ao Poder Central, assim distribuídas: uma no Acre; uma no Maranhão;
duas no Distrito Federal; duas em Goiás; duas em Pernambuco; duas no Rio de
Janeiro; duas em Rondônia; três no Espírito Santo; três no Paraná; cinco em
Santa Catarina, dezenove em Minas Gerais; e trinta e uma no estado de São
Paulo.
Obtivemos,
então, num período de três anos, de 2004 a 2007, um aumento considerável de
20 Lojas ligadas à área acadêmica no seio da Obediência Mãe da Maçonaria
Brasileira.
Do
total de 73 Oficinas, 44 são Fraternidades Acadêmicas e 29 são Lojas
Universitárias.
Das
44 Oficinas do tipo Fraternidades Acadêmicas: vinte e seis trabalham no Rito
Escocês Antigo e Aceito, oito no Rito Francês ou Moderno, seis no Rito
Brasileiro, três no RitoAdonhiramita , e uma no Rito de York ou de Emulação.
Das
29 Oficinas do tipo Universitárias: quinze trabalham no Rito Escocês Antigo e
Aceito, seis no Rito Francês ou Moderno, cinco no Rito Adonhiramita e três no
Rito Brasileiro.
Então,
atualmente, em 2007, contamos, no GOB, com quarenta e uma Lojas Escocesas,
quatorze Modernistas, nove Brasileiras, oito Adonhiramitas e uma Inglesa ligadas
à área acadêmica.
Sabemos
que a Pluralidade de Ritos é uma das maiores riquezas do Grande Oriente do
Brasil, como já dizia o Grão-Mestre Geral Álvaro Palmeira (*1889 +1992), que
governou os destinos do Poder Central de 1963 a 1968:
“De
fato, é um laurel da Maçonaria Brasileira a Pluralidade de Ritos, porque o
exercício de Ritos Regulares faz com que a nossa Obediência abrigue,
generosamente, as várias correntes Filosóficas e Doutrinárias do Mundo Maçônico,
desde o Agnosticismo até o Teísmo. Seria um atentado à História e à Justiça
se, em obediência a imposições ilegítimas e alienígenas, criássemos agora
obstáculos aos Ritos.”
Entretanto
concordamos com o Irmão Varella quando ele se refere ao Rito mais apropriado
para uma Loja composta por jovens Maçons:
“A
vantagem do Rito Moderno para
Lojas Universitárias está nas características do Rito que são mais adequadas
aos jovens: simplicidade, liberdade de expressão, ausência de conteúdo
religioso, racionalidade, preservação das idéias iluministas e incentivos à
participação na melhoria da sociedade. Trata-se de um Rito que privilegia a
razão em detrimento de concepções místicas, de difícil aceitação pela
comunidade acadêmica, altamente influenciada pelas ciências.”
Ademais,
é no Rito Francês ou Moderno que oficialmente trabalham os Altos Corpos do
Grande Oriente do Brasil se for respeitar a legislação, a história e a tradição.
O
GOB, desde 1822, ano de sua fundação, se estruturou no Rito Moderno e, por
dever de justiça, pensamos que deveria ter um maior número de Lojas federadas
trabalhando no referido Rito.
Considerando
os seis Ritos reconhecidos e praticados pelo Grande Oriente do Brasil, ainda não
existe nenhuma Oficina, de origem Acadêmica ou Universitária, trabalhando no
Rito Alemão ou Schroeder.
NO
DISTRITO FEDERAL:
O
grande mentor e maior incentivador da “Maçonaria Universitária” em solo
brasileiro foi, sem sombra de dúvida, o então, Grão-Mestre de São Paulo, Irmão
Rubens Barbosa de Mattos, que definiu como sendo as Oficinas Universitárias a
“Redenção da Maçonaria Nacional”
Achou
que seria melhor o título de Fraternidade Acadêmica e não Loja Universitária.
Daí surgiu a Fraternidade Acadêmica Piratininga nº. 2862, conforme já
mencionada anteriormente.
Aqui,
na jurisdição do Grande Oriente do Distrito Federal, não se pode falar em
Loja Universitária sem mencionar o nome do Eminente Irmão João Correio Silva
Filho, Grão-Mestre de Honra da nossa Obediência Distrital.
O
Eminente Irmão João Correia se tornou o grande responsável pela fundação da
ARLS “Universitária-Verdade e Evolução” nº. 3492, do Rito Moderno,
primeira Oficina Universitária da Capital da República, fundada a 22 de março
de 2003.
Disse
ele, no primeiro Aniversário de Fundação da Loja:
“Conversando
com o Irmão Rubens Barbosa de Mattos, Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente
de São Paulo, hoje falecido, dizia-me ele com entusiasmo, cheio de vaidade,
sobre o que chamou na ocasião de “Redenção da Maçonaria Nacional”, para
qual deu a titulação de Fraternidade Acadêmica. Informou-me, ainda, que sua
Loja “Piratininga” havia incorporado a idéia e concitou-me a aderir a ela.
Saí daquela Suprema Congregação com o espírito impregnado com a idéia, mas
uma coisa me chamava à atenção: o título “Fraternidade Acadêmica” e não
“Augusta e Respeitável Loja Simbólica Universitária...”. Aquilo me
perturbava, ainda hoje perturba, pois, afronta a Constituição, que não
contempla as “Fraternidades Acadêmicas”. Outra coisa me incomodava. Senti,
naquela ocasião, que havia no GOSP, certa rejeição à idéia, razão pela
qual o Irmão Rubens procurava me influenciar para implantá-la no Distrito
Federal. Hoje, tenho a certeza de que não estava totalmente errado no meu
julgamento. O Irmão Rubens implantou a Fraternidade Acadêmica Piratininga, que
serviu de modelos as que lhes seguiram, mas com muita luta e muita oposição.
Quem sabe se as “Fraternidades Acadêmicas” ou “Lojas Universitárias”
tivessem início por Brasília, as dificuldades para implantá-las nos Estados
fossem menores?
Analisei
os dados disponíveis. Fiz uma pesquisa informal com os Veneráveis Mestres e
conclui que era inviável a fundação, em 1995, de uma Loja Universitária,
contudo, dentro de 08 a 10 anos,
teria o Distrito Federal Maçônico condição de ter uma única Loja voltada
para o meio acadêmico, quer docente ou discente.”
Investido
de suas elevadas prerrogativas de Grão-Mestre do GODF - (1995/2003), ele começou
a preparar o caminho e, para tanto, tratou de incentivar e criar uma visão
positiva dos jovens para com a Maçonaria, trazendo-os para junto da Ordem,
tendo como base os filhos de Maçons.
Outra
iniciativa importante para a fundação da “Loja Universitária” no Distrito
Federal foi a edição da Lei n
º.
05, de 13 de novembro de 1997, que isentava do pagamento de qualquer taxa,
contribuição ou rateio devida ao GODF, até os 24 anos de idade civil, o filho
ou Lowton, e os parentes de maçons até o terceiro grau consangüíneo, que
fossem propostos antes de completarem 22 anos de idade civil, sendo-lhes exigido
que os beneficiários estivessem filiados, a pelo menos três anos, a APJ ou a
Ordem DeMolay e que estivessem regulares e efetivamente cursando o terceiro grau
de ensino. Esta lei se destinava a qualquer Loja da jurisdição, sendo o seu
primeiro beneficiário o Irmão Jefferson Ferreira de Lima, da ARLS Loja
Solidariedade de Ceilândia.
Durante
os últimos 06 anos (1996 a 2002), que antecederam a fundação daquela que
seria a primeira Loja Universitária do Distrito Federal, o discurso do GODF se
pautou no crescimento quantitativo e qualitativo dos Quadros das Lojas, fazendo
frente a uma cultura existente e resistente aquela proposta, por uma grande
maioria dos Irmãos que tem a mente a fixação de que “o que vale é a
qualidade” e que a “quantidade impede a qualidade”. Este fato da falta da
aceitação da política de “Crescimento dos Quadros das Lojas” abaixo, às
vezes, da simples reposição de obreiros, levou o Grande Oriente do Distrito
Federal ao envelhecimento, fato que já vinha ocorrendo em todo o GOB, chegando
a uma média etária de 60 anos de idade.
Hoje
a faixa etária de Maçons do GOB gira em torno de 52 anos de idade graças às
73 Lojas Maçônicas, ligadas à área acadêmica, federadas ao Grande Oriente
do Brasil.
Todos
os passos traçados anteriormente pelo, então Grão-Mestre João Correia, só
tinham um desiderato: preparar terreno para que a Loja Universitária se
tornasse uma Oficina voltada para a busca, na sociedade juvenil e universitária,
de cidadãos de elevado potencial político, que forjados pela doutrina maçônica,
enquanto ainda detentores de idealismo puro e de sonhos, pudessem, no futuro,
influir no destino da Maçonaria e da Pátria.
Em
suma, buscar futuros dirigentes para a Nação Brasileira em geral e para a
Ordem Maçônica, em particular.
Logo
vieram as críticas. Será uma loja elitista!
Não se pode deixar uma Loja Maçônica a mercê de jovens sem maturidade!
Loja feita no afogadilho de final de mandato! Além de previsões catastróficas
e dos comentários de irregularidade na fundação.
Elitista?
Por ser formada de jovens universitários e membros do corpo docente das
Instituições de Ensino Superior do Distrito Federal?
Afogadilho?
Só se justificava por falta de desconhecimento da História do GODF e pelo espírito
contrário as grandes realizações.
A
fundação de uma Loja Universitária, na Capital Federal foi discutida e
maturada amplamente, em um longo e demorado processo.
A
Loja “Universitária-Verdade e Evolução” nº. 3492, do Rito Moderno se
tornou uma grande realidade, que já serve de exemplo a toda Maçonaria
Brasileira.
Mais
recentemente, no final da Administração do, então, Grão-Mestre Hélio
Pereira Leite, foi fundada a 31 de março de 2007, a segunda Loja Universitária
jurisdicionada ao GODF, com o Título Distintivo de ARLS “Universitária Ordem,
Luz e Amor” nº3848, do Rito Escocês Antigo e Aceito.
MAÇONARIA
UNIVERSITÁRIA?
A
rigor, não existe Maçonaria Universitária. O que existe são Lojas Maçônicas
chamadas de Acadêmicas e Universitárias.
As
leis que as regem são as mesmas leis que regem qualquer outra Loja Maçônica
federada ao Grande Oriente do Brasil, o que não poderia ser diferente.
A
única diferença é que essas agremiações privilegiam a Iniciação de
universitários, de professores e demais candidatos ligados à área acadêmica.
Reúnem-se em condições de hora, local, e freqüência que buscam conciliar as
atividades da Ordem com as do estudante.
As
Lojas Acadêmicas e as Lojas Universitárias propriamente ditas são muito
semelhantes uma da outra, a única diferença esta no título distintivo que
adotaram porque de resto, funcionam com os mesmos objetivos e da mesma maneira.
Como dissemos são Lojas Maçônicas iguais às outras Oficinas federadas.
Sendo
uma Loja Maçônica igual à outra qualquer, Irmãos podem ser chamados para a
fundação de uma Oficina desse tipo, sendo eles, ligados à área acadêmica ou
não. E do mesmo modo, os candidatos não terão que ser única e exclusivamente
oriundos de Instituições de Ensino Superior para compor os seus quadros.
A
idade para ingresso na Ordem, segundo a atual legislação, é de 18 anos.
Havia,
conforme já citado anteriormente, no Grande Oriente do Distrito Federal, a Lei
que isentava os universitários das taxas relativas ao GODF, mas a referida Lei
não era abrangente. O candidato deveria ser filho de Maçom ou Lowton, ter freqüentado
por pelo menos três anos Instituições Paramaçônicas (APJ, DeMolay,
etc) e outros requisitos que ficava muito difícil a tal isenção.
A
verdade é que o Grande Oriente do Brasil, não abria mão das taxas devidas ao
Poder Central e os Grandes Orientes Estaduais, salvo algumas raríssimas exceções,
também não. Alguns poucos Grão-Mestres Estaduais sensibilizados pela causa
Universitária, procuravam contemplar os jovens iniciados, mas era a vontade
deles e não uma legislação que os amparasse. Mudando o Grão-Mestre,
mudar-se-ia a sensibilidade também.
Por
várias vezes, algumas Lojas, através de seus Deputados Federais ou Estaduais,
chegaram a enviar Projetos de Lei para as nossas Assembléias Legislativas
(Estaduais, Distrital ou Federal) tentando criar uma legislação que
contemplasse os jovens aptos a ingressar na Ordem. Com relação a isso ouvíamos
muita discussão sem fundamento, até o cúmulo de dizerem que uma Legislação
que isentasse os universitários das taxas iria onerar os cofres da Instituição.
Aí perguntávamos: quem nessa tenra idade contribuía para os cofres da Obediência?
Quase ninguém. Então, que prejuízo era esse?
Bem,
essa questão rendeu acalorados debates nas nossas Casas de Leis, porém os
projetos visando esses benefícios eram sempre relegados a um segundo plano.
O
importante é que muitos dos incansáveis Irmãos fundamentavam e demonstravam
repetidamente que esse era o caminho para a renovação dos nossos quadros. Era
o futuro da nossa Instituição. Com isso, posteriormente, a Causa Universitária
da Maçonaria, colheu os seus frutos com a promulgação da Nova Constituição
do Grande Oriente do Brasil sendo contemplada com a isenção das taxas devidas
às Obediências. Uma medida justa, até porque, um jovem estudante que se
encontra fora do processo produtivo, à procura do conhecimento e da verdade, em
tempo integral, não tem nenhum rendimento, em se tratando dos metais.
A
LEGISLAÇÃO ATUAL
Os
Deputados Federais, representantes das Lojas Maçônicas federadas ao Grande
Oriente do Brasil, reunidos no dia 17 de março, do ano em curso, em Assembléia
Federal Constituinte, promulgaram a Nova Constituição do Grande Oriente do
Brasil que entrou em vigor a partir do dia 25 de junho de 2007, data da sua
publicação.
Publicada
a nova Constituição, o Presidente da Soberana Assembléia Federal Legislativa
designou Comissões de Maçons para elaborarem, no prazo de um ano a contar da
data da designação, o novo Regimento Geral da Federação e os respectivos
anteprojetos do Código Disciplinar Maçônico, do Código Processual Maçônico
e do Código Eleitoral Maçônico.
No
que diz respeito à Nova Constituição, que definiu a idade para ingresso na
Ordem ser maior de 18 anos, definiu também, visando à admissão na Ordem e após
a sua implementação, que estarão isentos do pagamento de taxas e emolumentos
estabelecidos pelo Grande Oriente do Brasil, pelos Grandes Orientes Estaduais e
do Distrito Federal e pelas Lojas:
a)
Os Lowtons, os DeMolays, e os Apejotistas com dezoito anos, no mínimo, até
completarem vinte e cinco anos de idade;
b)
OS ESTUDANTES DE CURSO SUPERIOR DE GRADUAÇÃO com, no mínimo, dezoito anos
de idade e, no máximo vinte e cinco anos, ou até a conclusão do curso
superior, que comprovadamente não dispuserem de recursos próprios para sua
subsistência.
Encontraremos
o amparo legal da citada isenção de pagamentos no Artigo 28, § 2º., letra
“b” do novo texto constitucional que, como dissemos, é vigente desde o dia
25 de junho de 2007.
Diante
desse grande estímulo, não é necessário ser um bom observador para estar
certo de que, com o benefício legalmente criado, com a tal isenção das taxas,
ficou doravante, menos árdua as futuras fundações de Lojas Universitárias e
o posterior arregimentar de candidatos ligados à área acadêmica.
O FUTURO DA MAÇONARIA BRASILEIRA EM GERAL E DAS
LOJAS ACADÊMICAS E UNIVERSITÁRIAS, EM PARTICULAR:
A
Maçonaria brasileira, atualmente, é uma das que mais crescem no mundo e temos
plena consciência de que, num futuro bem próximo, estaremos atingindo o ponto
de mutação em que a quantidade se transformará em qualidade.
Os
norte-americanos e os europeus estão de olho no crescimento da maçonaria
brasileira, pois a deles se não está estacionária está regredindo.
A
Maçonaria esta perdendo terreno quantitativo na Europa e nos EUA e ganhando no
Brasil, e as Oficinas Universitárias são um importante fator de RENOVAÇÃO
QUALITATIVA da Maçonaria Brasileira.
A
Maçonaria brasileira, em geral, está imersa num imenso país em crise
espiritual, moral e cultural.
A resultante da crise deverá ser não a negação das ciências e das
liberdades humanas mais fundamentais, não uma volta ao passado preconceituoso,
supersticioso e retrógrado, mas a busca de uma nova moralidade, que incorpore
as raízes profundas da Verdadeira Tradição, compatibilizando-a com a
Liberdade e a Ciência.
E, neste momento, cremos profundamente que a “Maçonaria Universitária”
terá um papel de escol a desempenhar.
O desafio é grande, mas temos esperança que a maçonaria brasileira
saberá adquirir a sua plenitude cultural e ética neste terceiro milênio, para
um resoluto posicionamento que melhor atenda aos supremos interesses nacionais
Devemos ajudar o Brasil a reencontrar as suas raízes judaico-cristãs e
renascentistas, ajudando os nossos netos a adquirir a habilidade de recriar, nas
suas mentes e nos seus corações, as grandes descobertas das gerações
anteriores nas ciências e nas artes, evocando a chama divina que habita em cada
um de nós.
Uma
criança que tenha acesso à música clássica, que possa estudar e apreciar os
grandes pintores do mundo, saborear as verdades das grandes descobertas científicas,
esta criança, nunca se tornará um desajustado, pois estará exercitando a sua
criatividade no mais alto grau que a espécie humana poderá lhe proporcionar.
O
futuro da Maçonaria em Geral e da “Maçonaria Universitária”, em
particular, está em conseguir chegar até a Juventude e oferecer a ela uma
doutrina calcada em ideais progressistas, solidários e espirituais, construindo
o futuro com base nos alicerces de nossa Tradição – o que de melhor a
Humanidade já conquistou – e expondo um Ideal Maçônico contemporâneo, de
acordo com a realidade atual e futura do Povo Brasileiro.
Lembrando
sempre, que somos no presente os portadores do Ideal Maçônico e legar aos
nossos sucessores uma Ordem mais Sublime e mais Coesa, só dependerá de nosso
trabalho e habilidade para que transformemos os anseios da Comunidade em
fulgurante realidade, modernizando a Ordem, sem prejuízo das Tradições
herdadas de nossos antepassados. NOVAE
SED ANTIQVAE
RENOVAÇÃO-TRABALHO-UNIÃO
Divulgue essa idéia!
Bibliografia:
1) CASTELLANI, José. HISTÓRIA DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – A Maçonaria
na História do Brasil - Brasília (DF), Gráfica e Editora do GRANDE ORIENTE DO
BRASIL, 1993.
2) CARNEIRO, José Edmilson. Dados da Grande Secretaria-Geral da
Guarda dos Selos do Grande Oriente do Brasil sobre as Lojas Acadêmicas e
Universitárias, estatística até 08/Outubro/2007.
3) CARVALHO, William Dálbio Almeida. A Vida Maçônica de Oscar
Wilde – Jornal Egrégora – Órgão Oficial de Divulgação da ARLS “Miguel
Archanjo Tolosa” nº. 2131,
nº.
44, pág. 8e 9, março-maio de 2004.
4) CONSTITUIÇÃO DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL.
Promulgada em 17 de março de 2007
5) SILVA FILHO, João Correia. Trabalho em Homenagem ao Primeiro Ano
de Fundação da ARLS “Universitária – Verdade e Evolução” nº. 3492
GODF/GOB, apresentado em março de 2004.
6) Varella, João Marcos. Trabalho baseado no artigo “Lojas
Universitárias”, publicado na revista “A Ordem Maçônica”, Ano III, nº.
13, de janeiro a março de 1976, da autoria de João Nery Guimarães, com dados
colhidos no livro University Masonic Lodges de Douglas Knoop, editado na
Inglaterra em 1945.
7) Sítio do Grande Oriente
do Brasil na Internet,
Endereço:
http://prumo.gob.org.br/gxpsites/hgxpp001.aspx?2,9,51,O,P,0,,
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