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MONOGRAFIAS MAÇÔNICASpelo Ven.Irmão WILLIAM ALMEIDA DE CARVALHO 33O RITO DE INICIAÇÃO: UMA ABORDAGEM ANTROPOLÓGICA
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O presente
trabalho busca estabelecer alguns conceitos antropológicos para se analisar, em
seguida, o rito de iniciação maçônico no R\E\A\A\como uma busca de apaziguamento da ânsia do
sagrado que a humanidade vem procurando nos últimos tempos. A Função Social do Rito
Um dos
componentes fundamentais dos grupos e das sociedades humanas é o processo
ritual. Os ritos e as cerimônias permeiam todo o grupamento social, desde as
sociedades primitivas até as modernas sociedades pós-industriais. Os
antropólogos contemporâneos afirmam que temos um comportamento ritual quando
amamos e fuzilamos, quando nascemos e morremos, quando noivamos ou casamos,
quando ordenamos e oramos. Os rituais revelam os valores mais profundos do
comportamento humano e o estudo dos ritos tornou-se a chave para compreender-se
a constituição essencial das sociedades humanas. Se o
processo ritual é tão remoto quanto a própria criação do Homem, o estudo
sistemático e científico dos ritos advém com a formação da antropologia no
século XIX. Estudam-se
hoje os ritos como um fenômeno social que possui um espaço inde-pendente, isto
é, como um objeto dotado de uma autonomia relativa em termos de outros domínios
do mundo social, e não mais como um dado secundário, uma espécie de apêndice ou
agente específico e nobre dos atos classificados como mágicos pelos estudiosos. Essa
autonomia relativa da antropologia foi conseguida a duras penas no processo de
formação da própria antropologia. Os antropólogos ingleses, da época vitoriana,
evolucionistas e etnocêntricos, estudavam os fenômenos mágicos e ritualísticos
das sociedades primitivas como um meio, no fundo, de provar a superioridade
biológica e cultural do europeu de então. Para os estudiosos da época, o ritual
não surgia como algo socialmente relevante, pois nem mesmo o fato social
existia conceitualmente como algo socialmente independente, como viria a ser
descoberto pela sociologia de Durkheim posteriormente. Para os
antropólogos vitorianos, por desconhecerem o fato social, reduzia-se o mesmo às
suas componentes biológica, psicológica ou geográfica. Para os
reducionistas biológicos, os fenômenos sociais ou antropológicos eram
explicados como resultantes de tensões e caracteres raciais. O social submergia no biológico do mesmo modo que
o diferente, o outro, desaparecia na sua história natural. Na
outra vertente, a do reducionismo psicológico do século XIX, o social se
liqüefaz na vontade dos agentes individuais, vontade, depois projetada, por
meio de um fiat obscuro para toda a sociedade. Segundo o antropólogo brasileiro
Roberto da Matta, na apresentação do livro clássico de Van Gennep, Os Ritos de
Passagem, “Tylor é um excelente exemplo desta posição (psicológica). Ele
(Tylor) explica a origem da religião como uma especulação na crença da alma,
especulação que nasce dos sonhos dos primitivos. Sonhando com tudo e
principalmente com os mortos, os homens primitivos descobrem - diz Tylor - a
noção de alma, de imagem, de duplo e assim constróem o domínio do ‘outro
mundo’, o domínio do sagrado e do sobrenatural. Descobrem também, segundo o
mesmo estudioso, que pode haver uma relação entre os dois domínios e procuram
então controlar um pelo outro. Estaria agora fundada a estrutura mais elementar
da religião: a crença em espírito e em almas e a condição necessária a esta crença,
a divisão entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Daí, como sabemos, o nome
‘animismo’ para designar a religiosidade básica e enganada do primitivo. Nesta
perspectiva psicológica, que engloba estudiosos de Tylor e Frazer, o interesse
é discutir o religioso em suas formas mais primitivas, fazendo um corte
evidente entre as religiões com tradição escrita (do Ocidente e, às vezes, das
grandes civilizações) e a magia, forma de religiosidade vigente nos grupos
tribais, selvagens e primitivos” (pg. 13). A terceira variante explicativa era a do reducionismo
geográfico ou ecológico. Reduzia-se, mais uma vez, o social à dinâmica dos
climas, dos solos, das vegetações, do regime de chuvas e ventos. Presume-se que
até mesmo o escritor brasileiro Euclides da Cunha, em “Os Sertões”, sofreu este
reducionismo geográfico ao explicar o comportamento do sertanejo. Todos
esses três reducionismos - biológico, psicológico e geográfico - liquidam o
social como um fenômeno específico de estudo. Contudo, a tomada do fato social
como um fenômeno não explicável nem pela biologia, nem pela psicologia e muito
menos pela geografia, nasce da tradição francesa de Comte e sobretudo pela
sociologia de Émile Durkheim. Já não se trata aqui de subdividir o social para
estudá-lo, fazendo dele um fenômeno individualizado e redutível a uma de suas
partes, mas tomar o estudo da sociedade, partindo de sua totalidade. O social
adquire então a sua feição contemporânea: são fatos capazes de coagir e
sobretudo de não serem redutíveis a seus componentes geográficos, psicológicos,
etc. Não se negam estes aspectos - biológico, psicológico e geográfico - do
fato social ou cultural, mas não é isso que os faz socialmente significativos.
Pela sociologia de Durkheim, somente quando se tornam socialmente significativos
é que são levados em consideração. O modelo a ser apresentado para a análise do
ritual de iniciação maçônico não será contudo o de Durkheim, que escreveu sobre
a magia e a religião, por ser o seu foco centrado na religião elementar, nas
formas mais simples da vida religiosa, como também por apresentar uma
polaridade rígida entre o sagrado e o profano. O modelo escolhido será então o de Van Gennep, no
seu famoso “Ritos de Passagem”. Esse autor não toma mais o rito como um
apêndice do mundo mágico ou religioso, mas como algo em si mesmo. Como um
fenômeno dotado de certos mecanismos recorrentes (no tempo e no espaço) e
também de certos conjuntos de significados, o principal deles sendo o de
realizar uma espécie de costura entre posições e domínios sociais, pois a
sociedade é concebida em Van Gennep como uma totalidade dividida internamente. Se Durkheim percebe a sociedade
composta de um sistema coercitivo de regras, sobretudo as regras penais e
religiosas, com uma divisão interna entre o sagrado e o profano, Van Gennep
concebe o sistema social como estando departamentalizado, como uma casa, com os
rituais sempre ajudando e demarcando os quartos e as salas, os corredores e as
varandas, por onde circulam as pessoas e os grupos na sua trajetória social. Concebendo
a sociedade como internamente dividida, Van Gennep introduz um dinamismo no
mundo social que nem vitorianos nem durkheimianos foram capazes de reconhecer.
Se a divisão clássica entre o sagrado e o profano é vista como cerne e raiz do mundo
social, Durkheim trabalha numa perspectiva dualista do mundo, com um jogo do
sagrado ao profano, do mecânico ao orgânico, como domínios fixos e mutuamente
exclusivos. Em suma, Durkheim é um evolucionista de seqüências duais e também
um sociólogo dos pontos polares, jamais das margens e da posições mais
confusas, quando a totalidade social não se encontra nem no polo do sagrado nem
do profano. Em Van
Gennep, o sagrado e o profano são totalmente relativos, pois sempre haverá um
lado mais sagrado dentro da própria esfera tomada como sagrada, o mesmo sendo
válido para o profano. O sentido não estará equacionado a uma essência do
sagrado (ou profano), mas na sua posição relativa dentro de um contexto de
relações. Van Gennep no seu “Ritos de Passagem”
estuda diversos ritos, tais como: da porta e da soleira, da hospitalidade, da
adoção, da gravidez e parto, do nascimento, da infância, da puberdade, da
iniciação (que nos interessará mais de perto), da ordenação, do noivado, do
casamento, dos funerais, das estações, etc. Ele
separa antologicamente os ritos em três grandes subdivisões: ritos de
separação, ritos de margem e ritos de agregação. Segundo Van Gennep (1978,
pg.31) “essas três categorias secundárias não são igualmente desenvolvidas em
uma mesma população nem em um mesmo conjunto cerimonial. Os ritos de separação
são mais desenvolvidos nas cerimônias dos funerais, os ritos de agregação nas
do casamento. Quanto aos ritos de margem, podem constituir uma seção
importante, na gravidez, no noivado, na iniciação, ou se reduziriam ao mínimo
na adoção, no segundo parto, no novo casamento, na passagem da segunda para a
terceira classe de idade etc. Se por conseguinte, o esquema completo dos ritos
de passagem admite em teoria ritos preliminares (separação), liminares
(margem), e pós-liminares (agregação), na prática estamos longe de encontrar a
equivalência dos três grupos, quer no que diz respeito à importância deles quer
no grau de elaboração que apresentam. Além disso, em certos casos, o esquema se
desdobra, o que acontece quando a margem é bastante desenvolvida para
constituir uma etapa autônoma. Assim é que o noivado constitui realmente um
período de margem entre a adolescência e o casamento. Mas, a passagem da
adolescência ao noivado comporta uma série especial de ritos de separação, de
margem e de agregação à margem. A passagem do noivado ao casamento supõe uma
série de ritos de separação da margem, de margem e de agregação ao casamento.
Esta mistura é também verificada no conjunto constituído pelos ritos de
gravidez, do parto e do nascimento. Embora procure agrupar todos esses ritos
com maior clareza possível, não escondo que, tratando-se de atividades, não se
poderia chegar nestas matérias a uma classificação tão rígida quanto a dos
botânicos, por exemplo”. Antes
de terminar esta parte teórica convém tecer algumas considerações sobre o
sagrado e o profano. Segundo ainda Van Gennep (pg.25) “toda sociedade contem
várias sociedades especiais, que são tanto mais autônomas e possuem contornos
tanto mais definidos quanto menor o grau de civilização em que se encontra a
sociedade geral. Em nossas sociedades modernas só há separação um pouco nítida
entre a sociedade leiga e a sociedade religiosa, entre o profano e o sagrado...
Entre o mundo profano e o sagrado há incompatibilidade, a tal ponto que a
passagem de um ao outro não pode ser feita sem um estágio intermediário... À
medida que descemos na série das civilizações, sendo esta palavra tomada no
sentido mais amplo, constatamos a maior predominância do mundo sagrado sobre o
mundo profano, o qual nas sociedades menos evoluídas que conhecemos, engloba
praticamente tudo. Nascer, parir, caçar etc. são então atos que se prendem
ao sagrado pela maioria de seus aspectos... Se em nossas sociedades a
solidariedade sexual é reduzida ao mínimo teórico, entre os semi-civilizados
desempenha considerável papel em conseqüência da separação dos sexos nas
questões econômicas, políticas, e sobretudo mágico-religiosas... A vida individual, qualquer que seja o tipo de
sociedade, consiste em passar sucessivamente de uma idade a outra e de uma
ocupação a outra. Nos lugares em que as idades são separadas, e também as
ocupações, esta passagem é acompanhada por atos especiais que, por exemplo,
constituem, para os nossos ofícios a aprendizagem, e que entre os
semi-civilizados consistem em cerimônias, por que entre eles nenhum ato é
absolutamente independente do sagrado. Toda alteração na situação de um
indivíduo implica ai ações e reações entre o profano e o sagrado, ações e
reações que devem ser regulamentadas e vigiadas, afim de a sociedade geral não
sofrer nenhum constrangimento ou dano”. Mircea
Eliade (1958, pg.9), por sua vez, afirma que “a originalidade do homem moderno,
sua novidade com respeito às sociedades tradicionais, está precisamente na
vontade de considerar-se como um ser unicamente histórico, no desejo de viver
em um Cosmos radicalmente dessacralizado... Em certo sentido, podemos dizer
que, para o homem das sociedades arcaicas, a História está fechada, esgotadas
em uns quantos acontecimentos grandiosos do começo. Ao revelar aos polinésios,
in illo tempore, as modalidades da pesca em alto mar, o herói mítico esgotou de
uma só vez as possíveis formas desta atividade; desde então, cada vez que vão
pescar, os polinésios repetem o gesto exemplar do herói mítico: imitam um
modelo trans-humano”. O homem moderno perdeu o contato com o sagrado em
muitas ações diárias. Freqüentemente, viajamos dentro do país e ao exterior
como fatos absolutamente corriqueiros. Nas sociedades arcaicas, as viagens eram
raras, e antes de viajar realizavam-se cerimônias de purificação (rito de
separação) para que o viandante não se poluísse ao entrar em contato com o
estrangeiro. Ao chegar ao destino, o viajor poderia ou não ser recepcionado com
um banquete (rito de agregação) que significava o seu ingresso em outra
dependência do sagrado. Contudo,
por mais profanos que sejamos no mundo moderno, ainda mantemos os rituais, na
maioria das vezes de forma inconsciente. Observe-se, por exemplo, as
despedidas dos astronautas em Cabo Kennedy, momentos antes de partir em viagem
de exploração. A cerimônia
de despedida não deixa de ser um rito de separação, o tensionamento da viagem
está inserido num rito de margem e quando a viagem é bem sucedida o retorno
triunfal se insere num rito de agregação. Visto
esta parte mais conceitual, tenta-se agora aplicar tais conceitos
vangennepianos ao rito de iniciação. Análise do Rito de Iniciação
A ânsia
do sagrado no mundo moderno também faz parte do ideário do maçom que busca sair
do profano em direção ao sagrado. Uma vez
iniciado, o aprendiz evade-se um pouco de um mundo essencialmente profano e
ingressa numa área um pouco mais sagrada, buscando alcançar o grau de
companheiro, para finalmente atingir a plenitude maçônica. A senda em busca de
apaziguar esta ânsia do sagrado prossegue nos altos graus e por que não dizer
só termina com a morte. Todo este período, que vai da iniciação até a morte
terrena, pode ser chamado de um rito de margem ou de liminaridade, pois o
processo de aprendizagem e maturação só encontrará o seu final, para efeito de
análise, na morte terrena. Dentro desse período de margem de longo prazo,
assistir-se-á aos mais diversos ritos de passagem de um grau para o outro. Esta
análise somente levará em conta o período de iniciação propriamente dito. A
cerimônia de iniciação será, assim, o rito de passagem do mundo profano ao
mundo sagrado. Vejamos
a introdução e a preparação do neófito. Denota-se já aqui um rito de separação,
pois o mesmo não é separado dos metais, talvez simbolizando o despojamento de
suas riquezas do mundo profano? Nem nu nem vestido simbolizando o desnudamento
das vestes profanas, como num ritual de separação, pedindo humildemente o
ingresso no sagrado. A venda
dos olhos simboliza a morte de um órgão vital estratégico que deverá renascer
em um novo estágio de consciência compatível com um recinto mais sacralizado. A
Câmara, o testamento, a prova da Terra seriam, mais uma vez, a morte do profano
para um renascimento mais consciente em outra esfera do sagrado. Simbolicamente
esta descida aos infernos ou pelo menos às profundezas da terra, como nos
antigos mistérios greco-orientais, seria rito de separação para uma longa
viagem. As
outras três provas, já no interior do templo, podem ser vistas como ritos de
aprofundamento de passagem, de purificação crescente, agora defronte os altares
da Beleza, da Força e da Sabedoria. Podem ser analisadas como ritos de margem
neste vestibular espiritual para uma esfera mais sagrada. Neste processo de
alquimia mental e espiritual estaria se matando, homeopaticamente, o profano
para o renascer, simbolicamente doloroso e ao mesmo tempo glorioso, do aprendiz
tateante. E aqui
nos socorremos de Mircea Eliade (1958, pg. 12) quando diz que “a maior parte das
provas iniciáticas implicam de maneira mais ou menos transparente, uma morte
ritual se seguiria uma ressurreição ou novo nascimento. O momento central de
toda iniciação vem representado pela cerimônia que simboliza a morte do neófito
e sua volta ao mundo dos vivos. Mas o que volta à vida é um homem novo,
assumindo um modo de ser distinto. A morte iniciática significa ao mesmo tempo
o fim da infância, da ignorância e da condição profana”. O batismo de sangue significaria o começo de um
ritual de agregação, algo que na Igreja Católica se chama de Comunhão dos
Santos, isto é, o iniciante depois de purificado pelas provas começaria a
participar, a ser agregado simbolicamente à comunhão de todos os maçons. O juramento teria algo do rito de margem, pois o
iniciante, já agora menos poluído pelo profano e mais ciente do sagrado, teria
então os pré-requisitos mínimos para um juramento mais consciente. O nascimento - o fiat lux - pode ser analisado
como o nascer biológico do novo ser, um rito de agregação ao mundo da Luz e da
comunidade dos irmãos, que, em seguida, é batizado pelo ritual de iniciação
propriamente dito. Nasce-se e imediatamente se é iniciado, sem perda de tempo,
em suma, um rito sumário de agregação, a culminância do processo iniciático. A
passagem dos segredos de reconhecimento pode ser entendida como um reforço do
ritual de agregação, um modo e um processo de comunicação rápido e instantâneo
para melhor agregar a comunidade dos eleitos. Os aventais seriam, então, a nova
vestimenta do sagrado para cobrir a nudez simbólica do ex-profano. E por
último, mas não menos importante, o banquete, que não fazendo parte direta da
cerimônia do templo, insere-se num contexto de um ritual de re-agregação. Aqui,
já se está de volta ao mundo profano, mas como alguém que circulou pela esfera
do sagrado e volta ao mundo profano aureolado pela sacralidade. É como uma
espiral; deu-se um giro de 360º, mas num outro nível, outro patamar; está-se no
mundo profano mas como um ser consagrado.
Conclusão
A
sociedade moderna assiste, cada vez mais, ao crescimento da onda avassaladora
do profano em relação ao sagrado. Os núcleos de sacralidade são como pequenas
ilhas no imenso oceano do profano. Tem razão Mircea Eliade (1958, pg. 9) quando
afirma que “uma das características do mundo moderno é o desaparecimento da
iniciação. De capital importância nas sociedades tradicionais, a iniciação é
praticamente inexistente na sociedade ocidental de nossos dias. É bem verdade
que as diferentes confissões cristãs conservam, em diferentes graus, vestígios
de um Mistério iniciático. O batismo é essencialmente um rito iniciático; o
sacerdócio implica uma iniciação. Não se deve esquecer que o cristianismo
triunfou precisamente e chegou a ser uma religião universal senão por ter se
liberado dos Mistérios greco-orientais, proclamando ser uma religião de
salvação acessível a todos”. Essa
tendência secular de profanização da sociedade tem encontrado, contudo, nos
últimos tempos, uma busca, por parte de alguns homens, de uma volta ao sagrado,
ou um revolta contra o monopólio do profano, o que talvez tenha contribuído
para que L. Kolakowski escrevesse o seu famoso ensaio em 1973: “A Revanche do
Sagrado na Cultura Profana”. Talvez
se assista, no limiar do século XXI, a uma revivescência espiritual. As grandes
religiões, que sempre foram matrizes de moralidade exotérica, estão em crise
neste final do milênio, e estão sofrendo um processo crescente de profanização
de sua cultura religiosa. A luta frenética de alguns fundamentalismos, principalmente
os de base muçulmana, para barrar o processo de modernização, inevitável no
mundo atual, é prova cabal. Na faixa esotérica, considera-se a Maçonaria como
uma das mais poderosas alavancas do sagrado no mundo laico, que avidamente
necessita dos eternos valores maçônicos.
A
resultante da crise deverá ser, não a negação das ciências e das liberdades
humanas mais fundamentais, não uma volta ao passado preconceituoso,
supersticioso e retrógrado, mas a busca de uma nova moralidade, que incorpore
as raízes profundas da Verdadeira Tradição, compatibilizando-a com a Liberdade
e a Ciência. E,
neste momento, cremos profundamente que a maçonaria terá um papel de escol a
desempenhar. Bibliografia
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Londrina, 1988. COIL, Henry Wilson,
Coil’s Masonic Encyclopedia, Macoy, Virginia, 1995. ELIADE, Mircea, Iniciaciones Misticas, ed. Taurus,
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Sagrado, Ed. Nova Acrópole, Lisboa, 1993. FRAZER, James George, O Ramo de
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and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, Charleston,
1871. TURNER, Victor, O Processo Ritual, ed. Vozes,
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Ritos de Passagem, ed. Vozes, Petrópolis, 1978. |