Rivista di Massoneria - Revue de Franc-Maçonnerie - Revista de Masonerìa - Revista de Maçonaria |
---|
History Literature Music Art Architecture Documents Rituals Symbolism |
MONOGRAFIAS MAÇÔNICASpelo Ven.Irmão WILLIAM ALMEIDA DE CARVALHO 33RENE GUENON : VIDA E OBRA
|
Guénon foi um prodígio precoce. Cedo dominava o grego, latim, inglês, italiano,
alemão, espanhol, sânscrito, hebraico, árabe e mais tarde, o chinês, mantendo
conversação com seus interlocutores europeus e orientais em suas próprias
línguas, para desconcerto de muitos deles, ao constatarem um francês dominar
com maestria a língua e o espírito de civilizações distantes. O mais decisivo
em sua formação, sem dúvida, foram os dados doutrinais obtidos pela oralidade
diretamente de representantes do hinduísmo (Escola de Shankara), do Islã
(tariqah do Sheikh Elish El Kebir, da linha Alkbariana) e do Taoísmo (por
intermédio do filho espiritual de Tong Sou Luat, eminente mestre Taoísta). Guénon
desmascarou terminantemente dezenas de impostores, desde os grosseiros aos mais
pretensamente refinados, angariando para si, de um lado, a grata surpresa e o
agradecimento dos que buscavam o oriente autêntico e, de outro, o ódio e as
perseguições de uma maioria, surpreendida em suas falsas bases e artimanhas. O mais eminente
reconhecimento de valor partiu de autoridades orientais. Marco Pallis relata a
perfeita ortodoxia de suas exposições, constatada por lamas tibetanos; Ramana
Maharshi denominou Guénon como "The Great Sufi" ; os verdadeiros
mestres taoístas, mais de uma vez, designaram Guénon como o único ocidental nos
últimos séculos a conseguir a apreensão e posterior transmissão do verdadeiro
espírito do Taoísmo. René (Jean-Marie-Joseph) Guénon nasceu em 15 de novembro de 1886 em Blois,
França. Filho único do qüinquagenário e arquiteto Jean-Baptiste Guénon e Anna
Jolly. De saúde muito frágil para ir à escola, aprendeu as
primeiras letras com sua tia, sua preceptora até a idade de 12 anos. Ao fazer
os estudos secundários, sua saúde ainda inspirava cuidados extremos. Já nessa
época, começou a estudar Filosofia com um especialista dos pré-socráticos –
Albert Leclère – e com o cônego Gombault, um tomista exaltado e interessado em
fenômenos sobrenaturais. Ainda em 1905, fez uma peregrinação com sua tia ao
santuário de Lurdes. Após obter bacharelado em filosofia, Guénon foi recebido
na Escola Politécnica e na Escola Normal Superior em Paris. Encetou estudos da Matemática,
abandona-os em 1906. Ainda nesse ano, começou a dirigir sua atenção para o
ocultismo. Introduziu-se na Escola Hermética dirigida por Papus, pseudônimo do
Dr. Encausse. Recebido, ainda, foi na ordem Martinista e em diversas
organizações maçônico-ocultistas (Loja Humanidade). Começou, então, o esboço de
um romance “A Fronteira do Outro Mundo”. Em
1908, ao ser nomeado secretário do Congresso Espiritualista e Maçônico,
declinou do cargo após o discurso de abertura de Papus. Foi o começo de sua divergência
e ruptura com Papus e outros ocultistas em geral por ele qualificados de
‘materialistas’. Ingressou, em seguida, na Loja Tebas praticante do REAA, da
Grande Loja da França, frequentando-a até a Primeira Guerra Mundial. Nessa
época, estreitou contatos com Albert de Pouvouville, iniciado taoísta; Léon
Champrenaud (Abdul-Haqq), iniciado sufista; Théodor Reuss, grão-mestre da OTO e
Fabre des Essarts, patriarca da Igreja gnóstica da França. Em 1909, teve início a publicação de seus primeiros
trabalhos escritos. O primeiro foi um relatório da Escola Hermética na Initiation de Papus; o segundo uma
polêmica na revista maçônica Acácia a
propósito do rito de Memphis e Misraim e, o terceiro, uma reflexão na France Chrétienne Antimaçonnique sob o
pseudônimo Le Sphinx. Ao mesmo
tempo, tomou a frente de uma enigmática Ordem do Templo renovada que o levou a
ser excluído da Ordem Martinista e das organizações controladas por Papus. No
final de 1909, ingressando na Igreja Gnóstica de Alexandria, foi sagrado bispo
gnóstico sob o nome de Palingenius. Fundou, ainda com esse nome, a revista La
Gnose – que circulou até 1912 – na qual foi publicado seu primeiro texto “O
Demiurgo”, uma importante parte do “Simbolismo da Cruz”, e a parte essencial do
“O Homem e seu Devenir segundo o Vedanta” e “Um Lado Pouco Conhecido da Obra de
Dante”. Em
1912, foi iniciado no sufismo sob o nome de Sheikh Abdel Wàhed Yahia.
Catolicamente, com Berthe Loury, casou-se. Em
1913, Abel Clarin de la Rive, diretor do jornal La France anti-maçonnique, abriu colunas para que Guénon expusesse
suas idéias sobre a Maçonaria e ‘o poder oculto’. No jornal, Guénon encontrou
Olivier de Frémont, católico anti-semita e anti-maçom, estabelecendo,
conjuntamente com L. A. Chabonneau, uma intensa reflexão sobre a questão da
Tradição. Desenvolveu com Charles Nicoullaud e Gustave Bord, colaboradores da
Revista Internacional das Sociedades Secretas (RISS), uma polêmica em torno da
questão dos “Superiores Desconhecidos”. Seu amigo, como ele, filiado à Igreja
Gnóstica – Pierre German – recobrou a fé católica em Lurdes e se inscreveram,
tal qual o jovem tomista Noèle Maurice-Denis, no curso de Filosofia das
Ciências do Prof. Milhaud. Noèle introduziu Guénon no círculo de Jacques
Maritain e do Pe. Emile Peillaube S.J. Guénon obteve diploma de estudos
superiores em Filosofia com o Mémoire
intitulado “Exame das Idéias de Leibniz sobre o Significado do Cálculo
Infinitesimal”. Em
1919, Gonzague Truc, diretor das Edições Bossard, promoveu a introdução dele na Revue Philosophique. Em 1921, Sylvain Lévi recusou conceder-lhe o
doutorado em Filosofia pelo seu trabalho “A Introdução Geral ao Estudo das
Doutrinas Hindus”. Essa obra, contudo, seria publicada no mesmo ano. Houve a
publicação, ainda, de “Teosofismo. História de
uma Pseudoreligião”, pela Nouvelle
Librairie Nationale, numa coleção dirigida por Jacques Maritain. Em 1922, estabeleceu amizade com
Paul Chacornac, editor da revista Le
Voile d’Isis, que perderá pouco a pouco seu caráter ocultista e que, mais
tarde, se transformará nos Études
Traditionnelles. Ainda nesse ano, teve publicado “O Erro Espírita”.
Seu amigo Frans Vreede, conseguiu-lhe um serviço parcial na biblioteca do
Centro de Estudos Neerlandeses da Universidade de Paris. Em 1924, como
consequência do livro de F. Ossendowski – Bestas, Homens e Deuses – formou-se uma mesa redonda,
organizada pela Les Nouvelles Littéraires,
sobre o tema de um centro iniciático sagrado em que pontificaram o neo-tomista
Rei do Mundo Jacques Maritain; o orientalista René Grousset; o editor Frédéric
Lefèvre; o filósofo Ferdiand Ossendowski e o hinduísta René Guénon. Surgiu
através da Payot, o livro “Oriente e Ocidente”, no qual um capítulo consagrava-se às condições da reconstituição
de uma verdadeira elite. Através
da Regnabit, revista universal do
Sagrado Coração do Pe. Félix Anizan e de L. A. Charbonneau-Lassay, descobriu
Guénon, bem próximo dele, a sobrevivência de um grupo hermetista cristão. O
editor Charles Bosse publicou “O Esoterismo de Dante”, tratando em um dos
capítulos de uma sociedade esotérico-religiosa: a Fede Santa. Teve, ainda, seu livro, editado pela Brossard, “O Homen
e Seu Devenir Segundo o Vedanta”. Fez-se pronunciar, na Sorbone, uma
conferência sobre “A Metafísica Oriental”. Em
1926, publicou na Regnabit o seu
“Terra Santa e Coração do Mundo”. Tornou-se
colaborador de diversas revistas: Voile
d’Isis, Vers l’Unité (órgão da nova direita), La Revue Bleu, Vient de
Paraître (de inspiração católica), Au
Christ Roi etc. O ano de 1927 viu aparecer dois de
seus livros: “O Rei do Mundo” e “A Crise do Mundo Moderno”. Abondonando a
revista Regnabit, retomou a polêmica
com a Revista Internacional das Sociedades Secretas. No ano seguinte, assistiu
à morte de sua esposa e, alguns meses depois, de sua tia, que tanta influência
exerceu na sua vida. Essas duas mulheres foram substituídas, em 1929, pela viúva
riquíssima – Madame Dina, conhecida num serão na Livraria Chacornac. Nesse
mesmo ano, publicou pela Vrin “Autoridade Espiritual e Poder Temporal” e uma
plaquete sobre “São Bernardo”. Viajou
para o Cairo em 1930, em companhia de Mme. Dina à procura de textos sufis.
Começou a freqüentar, também, a Universidade de El Azhar. À época, assistiu-se
a uma série de artigos na Voile d’Isis
tratando do esoterismo islâmico. Adotou o nome árabe de Sheikh Abdel Wahêd
Yahia travando contato com círculos esotéricos no Cairo. Casou-se, em 1934, com
Fátima Hanem, filha caçula do xeique Mohammed Ibrahim, indo morar numa espécie
de subúrbio afavelado chamado Doki, a oeste do Cairo, em um imóvel que lhe foi
doado pelo seu admirador John Levy. Durante a guerra, manteve intensa
correspondência com Julius Evola e diversos maçons franceses. Os ‘guenonianos’
na França, fundaram a Loja da Grande Tríade do REAA na Grande Loja de França. Em
1944, nasceu sua primeira filha Khadija; em 46, instalou-se definitivamente com
sua família numa casa no centro do Cairo; em 47, nasceu sua segunda filha
Leila; e, em 48, obteve nacionalidade egípcia, mas sua saúde começou a dar
sinais inquietantes; em 49, viu nascer seu primeiro filho homem Ahmed (o
segundo – Abdel Wahêd -, nascerá após sua morte em 1951). No
ano de 1950, sua saúde estava seriamente abalada. Sua morte ocorreu em 7 de janeiro de 1951 às 23 horas. Suas
últimas palabras foram a invocação do nome de Alá, o ‘nafass khalass’ ou seja,
‘a alma se vai’, e manifestou o o último
desejo para sua mulher de que o seu gabinete de trabalho fosse mantido intacto.
As orações fúnebres foram executadas na mesquita Seyidna-Hussein e foi
enterrado no túmulo da família Ibrahim. Cronologia de suas Obras a)
Obras em vida 1909 –
La Frontière de l’Autre Monde (A
Fronteira do Outro Mundo). 1921 –
Introduction générale à l’étude des
doctrines hindoues (Introdução Geral ao Estudo das Doutrinas Hindus). 1921 –
Le Theosophisme, histoire d’une
pseudo-religion (O Teosofismo, História de uma Pseudo-Religião). 1923 –
L’Erreur spirite (Erro do
Espiritismo). 1924 –
Orient et Occident (Oriente e
Ocidente). 1925 –
L’Homme et son devenir selon le Vêdânta (O
Homem e seu Devenir segundo o Vedanta). 1925 –
L’ésotérisme de Dante (O Esoterismo
de Dante). 1927 –
Le roi du monde (O Rei do Mundo). 1927 –
La crise du monde moderne (A Crise do
Mundo Moderno). 1929 –
Autorité spirituelle et pouvoir temporel (Autoridade
Espiritual e Poder Temporal). 1929 –
Saint Bernard (São Bernardo). 1931 –
Le Symbolisme de la Croix (O
Simbolismo da Cruz). 1932 –
Les états multiple de l’être (Os
Estados Múltiplos do Ser). 1939 –
La Métaphysique orientale (A
Metafísica Oriental). 1945 – Le règne de la quantité et les signes des
temps (O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos). 1946 –
Les principes des calcul infinitésimal (O
Princípios do Cálculo Infinitesimal). 1946 –
La Grande Triade (A Grande Tríade). 1946 –
Aperçus sur l’Initiation (Considerações
sobre a Iniciação) b)
Obras Póstumas 1952 -
Initiation et Réalisation spirituelle
(Iniciação e Realização Espiritual), Paris,
Éditions traditionnelles, avant-propos de Jean Reyor. 1954 -
Aperçus sur l’ésotérisme chrétien,(Considerações
sobre o Esoterismo Cristão) Paris,
Éditions traditionnelles, avant- propos de Jean Reyor. 1962 -
Symboles fondamentaux de la science
sacrée (Símbolos Fundamentais da Ciência Sagrada), Paris, Gallimard, N.R.F. "Tradition", introduction de
Michel Vâlsan. 1964 Études sur la Franc-Maçonnerie et le
Compagnonnage (Estudos sobre a Franco-Maçonaria e a Compagnonnage) , 2 vol. 1968 -
Études sur l’hindouisme (Estudos
sobre o Hinduísmo), Paris, Éditions
traditionnelles. 1970 -
Formes traditionnelles et cycles
cosmiques (Formas Tradicionais e Ciclos Cósmicos), Paris, Gallimard, N.R.F., avant-propos de Roger Maridort. 1973 –
Comptes Rendues (Resenha), de artigos
surgidos nas revistas Le Voile d’Isis e Études Traditionnelles. 1973 -
Aperçus sur l’ésotérisme islamique et le
taoïsme (Considerações sobre o Esoterismo Islâmico e o Taoísmo), Paris,
Gallimard, N.R.F., Les Essais, avant-propos de Roger Maridort. Resenhas. 1976 –
Mélanges (Misturas). 1976 –
Études sur l’Hindouisme (Estudos
sobre o Hinduísmo). |